LUIZ CORONEL
“UM HOMEM DE SEU TEMPO”
“O Rio Grande do Sul é um estado ao sul de si mesmo”...
O tempo não desmiolou, não degringolou, não saiu da estrada.
Ele esta procurando novos caminhos...
Há uma frase cruel sobre o regionalismo: “Querer restaurar a
tradição é botar uma escada num muro que caiu”.
Eu acho que todo o regionalismo com tentativa de eleger o passado como
paraíso perdido é inóculo, e fanfarrão. Mas acho que toda a linhagem folclórica
nos oferece uma medida de nos dizermos quem eu sou, de onde vim e como eu falo.
Eu não acredito muito em Beatles da Cacimbinha nem de Rolling
Stones de Caçapava, eu acho que nossa alma tem um andamento, uma memória que
não deve ser perdida, o problema é dar a isso um trato de contemporaneidade,
que fale do homem que vive hoje.
Não adianta andar de carreta, tu
tem que saber que tem Trensurb, não
adianta falar só de cacimba, tu tem que saber que tem poço artesiano e Corsan.
A memória transladada ao presente e ao futuro através do
milagre da criação que se chama arte. O que era Michael Jackson se não fosse as
danças dos becos do Harley, O que é o Edu Lobo fazendo Upa Neguinho na Estrada
, se não trazendo o folclore do nordeste, o que seria de Vida e Morte Severina se não fosse a literatura de cordel
nordestina, o que é o Tempo e o Vento se não um apanhado de toda a memória
gaúcha da tradição
As pessoas não se lembram que a palavra TRADIÇÃO vem de andar
pra frente “tradire” e a palavra revolução é para traz, revolver, então a
tradição não está confinada ao passado, ela também, se trabalhada com esta
visão histórica, uma forma de caminhar ao futuro, levando na mochila a memória.
Este foi um resumo da entrevista que Luiz Coronel concedeu ao programa Faces da TVE dia 07 de julho de 2015, reveja o programa Faces