Nós do Minha Querência, através de nossos espaços,
estamos propondo o “Projeto Sinuelos”, a
todos que sustentam a cultura regional, através dos CTGs, Piquetes, Grupos
Folclóricos, Cabanhas e Associações, enfim todas as entidades que se fazem
representar a cultura gaúcha.
A tradição gaúcha é feita por pessoas, portanto
cabe a nós registrar estas pessoas, e não deixar na oralidade, pois certamente
irão se perder ao longo do tempo, esta é a forma de deixar viva sua memória e
seus feitos, através de registros, até para firmar-mos um tempo.
Nós do MQ, não é de agora que abordamos este
assunto, estamos já a algum tempo com
uma série de postagens “Lendas Gaúchas do meu tempo” (ver pesquisas) no blog.
Se soubessem
o valor que tem?
Quando um ginete, um laçador, um guasqueiro, um instrutor de danças, um declamador, um chuleador, um músico, um cantor, um poeta ou um escritor se desponta, se
destaca em um grupo, este serve de referência e modelo para os mais jovens,
que por sua vez passam a segui-lo, até mesmo na forma de vestir, pensar, posissionarem de fronte erguida, por isso que
firmamos o garrão neste projeto “SINUELOS”.
“Pilares da Tradição”. O livro, escrito pelo
jornalista Renato Mendonça, faz o registro da vida e obra de artistas que
construíram a cultura tradicionalista do Rio Grande do Sul: Paixão Côrtes,
Telmo de Lima Freitas, Antônio Augusto Fagundes e Adelar BertussI.
Ao longo
de 200 páginas estão reunidas entrevistas com os “Pilares”, além de ensaios
fotográficos, a cargo de Emílio Pedroso, e fotos de arquivo pessoal dos
entrevistados. O projeto gráfico é assinado por Carol Ruwer.
Com
tiragem de mil exemplares, a edição do “Pilares da Tradição” foi apoiada, via
Lei Rouanet, pela Unifertil e tem coordenação geral da Liga Produção Cultural.
Todos os bastidores da produção do livro podem ser acompanhados pelo blog do
projeto pilaresdatradicao.tumblr.com.
Os Pilares
Antônio
Augusto (Nico) Fagundes,
alegretense, 77 anos, é poeta, músico e jornalista, com expressiva presença na
mídia gaúcha, tendo lançado nomes como Jayme Caetano Braun, Aparício Silva
Rillo e José Hilário Retamozo. Compôs em parceria com Bagre Fagundes o “Canto
Alegretense”.
Adelar
Bertussi, caxiense, 79
anos criou ao lado do irmão Honeyde (1923 – 1996) o que se considera o primeiro
conjunto de baile de música tradicionalista gaúcha. Mais que isso, os Bertussi
temperaram nosso tradicionalismo com o sotaque e a alegria dos colonos
italianos. Com Honeyde, criou “Oh de Casa”.
Paixão
Côrtes, 84 anos, ao
lado de Barbosa Lessa (1929 – 2002) e Glaucus Saraiva (1921 – 1983), construiu
e registrou boa parte do que hoje se considera o folclore gaúcho. Entre as
várias músicas que compôs e adaptou estão “Xote Carreirinha” e “Balaio”.
Telmo
de Lima Freitas,
são-borjense de 79 anos, é autor de clássicos da música gaúcha como “Prece ao
Minuano” e “Esquilador”, figura de proa nos festivais nativistas, cultiva os
vários regionalismos do Rio Grande.
Os
autores
Renato
Mendonça foi editor de
área no Segundo Caderno do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, entre 1994 e
2010. Atualmente é mestrando em Artes Cênicas da UFRGS. Conquistou o Prêmio ARI
2005 (Associação Rio-Grandense de Imprensa) de melhor reportagem cultural em
jornalismo gráfico com “Ilha das Flores”, o 8º Prêmio Setcergs 1994/1995 em
Jornal, além da Menção Honrosa no Prêmio ARI 2007 de Reportagem Cultural pela
matéria “Paixão pelo Sul”. Entre 2002 e 2010, editou os livros “Planeta
Atlântida” (RBS Publicações), “Escola Projeto 20 Anos” (Projeto), “Hospital
Schlatter” (independente), “O Homem que Enganou o Tempo” (independente) e
“Arnaldo Campos – Um Livreiro de todas as Letras” (coedição do Escritório do
Livro da Edunisc).
Emílio
Pedroso trabalha desde
1990 no jornal Zero Hora, em Porto Alegre. Foi premiado em diversos concursos
de fotografia, com destaque para o primeiro lugar de fotografia jornalística de
1985, escolhido pela Associação Riograndense de Imprensa (ARI). Em 2007 e 2009
venceu o concurso fotográfico promovido pelo Sindicato das Empresas de
Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs).
O grupo “Sonido del Alma
Gaucha” foi formado no ano de 2003 com o objetivo de trazer ao palco os
valores literários e musicais do Gaúcho, bem com músicas dos folclores uruguaio
e argentino.
As canções são escolhidas
de forma a proporcionar um espetáculo animado e interativo oferecendo ao
público entretenimento cultural.
Lançou o CD "Confraria
de Fronteira" em 2008.
A obra caracteriza-se como um resumo do trabalho do
grupo até o momento, trazendo oito temas autorais. Em 2009 lançou o CD "Hermanos
Pampeanos". O disco, indicado ao Prêmio Açorianos da Música Gaúcha na
Categoria ”Melhor Disco Regional”, inovou trazendo um clipe multimídia para a
música "A arte pela história de um povo". Em 2011 concebeu o CD “Rio-grandense
e Platino”. Com a produção musical do acordeonista Luciano Maia, o álbum
destaca-se pela influência Latino-americana dos ritmos.
Apresentou seu trabalho no
RS em toda a região da campanha, litoral sul, fronteira oeste, missões, serra; em Porto Alegre e região
metropolitana, em São
Carlos (SP), Assunción (Paraguai) e Melo (Uruguai).
Desde então mantem o
propósito de, através da música, levar a mensagem da harmonia cultural
existente entre Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina.
Luiz
Alberto Pont Beheregaray, conhecido por Berega, nasceu em 26 de maio de 1934 em
Uruguaiana, Rio Grande do Sul, Brasil, e falecido em 09 de abril de 2012, na
mesma cidade.
Desenvolveu seu gosto e talento pelo desenho ainda na infância mas somente
passou a trabalhar profissionalmente como artista plástico no início da década
de 70.
Sua temática foi recorrente às impressões da cultura de sua terra, sua região e
suas impressões de sua infância em meio ao pampa gaúcho: sua gente, sua cultura
e suas coisas e o inseparável cavalo. Neste quesito, rompeu fronteiras e o
retratou em inúmeras raças, nos infinitos movimentos, usos, culturas e
esportes.
Apaixonado pela cultura regional gauchesca, é um estudioso meticuloso de todos
os aspectos relacionados, de sua história aos seus costumes. De suas matizes às
suas texturas. De seus movimentos à sua impressão estática de sua forma. De sua
força à complascência na fragilidade de linhas tênues e delicadas perpetuadas
em seu trabalho.
Tem sido sempre lembrado pelos tradicionalistas, estudiosos e artistas por ter
marcado referência em vários aspectos, recebendo ainda homenagens e citações em
outras obras como poesias e letras de músicas.
Berega em seu traço forte, meticulosamente trabalhado, vai desde o lado jocoso
dos tipos terrunhos nos sempre lembrados Calendários da Petróleo Ipiranga S.A.
às centenas de retratos realistas de pessoas e animais usando uma técnica que
aprimorou por anos na pintura sobre couro como suporte.
Mostrando desenvoltura do desenho à pintura, do humor ao retrato realista,
nunca deixou de estudar à fundo os detalhes, os porquês, a origem. Reflete
assim um artista que sempre buscou o completo e o fiel embasado em sua
pesquisa, características de seriedade com seu trabalho e disposição na busca
da melhoria contínua.
Como em toda as cidades tradicionais do Rio Grande do Sul, com uma cultura regional muito acentuada, Pelotas, Santa Maria, Caxias do Sul, Rio Grande, Novo Hamburgo, Ijui, Santa Cruz, Porto Alegre, Lageado e outras. Nós canoenses também temos esta paixão com o futebol, está na hora de adotarmos, abraçarmos o Tricolor Canoense, o Leão Jubão.
Então canoenses, tanto gremistas como os colorados se unam ao tricolor canoense.
Festival da Barranca,que é
realizado em São Borja,
chegou à 41ª edição neste final de semana e revelou suas vencedoras. Este
festival fechado, idealizado pelo Grupo Os Angueras, tem a característica de
ser temático e ainda com um prazo de 24 horas para a produção das composições.
O diretor do evento, Marco Antônio Loguércio, informou ao blog ABC
do Gaúcho, que 250 convidados participaram do evento, sempre marcado para a Semana Santa. O tema foi Próxima
estação.
1º lugar - Na estação ali na frente
Tadeu Martins, Miguel Tejera e Pirisca Grecco
2º lugar - Expresso 41
Juca Moraes e Samuel Costa
3º lugar - Marco de tempo novo
Edegar Paiva, Flori Wegner, Glênio Vieira,
Jauro Gehlen e Toco Soledade
Melhor letra - Ontem e hoje
Antônio Augusto Fagundes
Troféu Cigarra de Acampamento
Carlos Cachoeira
MÚSICA MARCO DE TEMPO NOVO, 3º LUGAR NA BARRANCA 2012
Sem duvida nenhuma, o Festival da Barranca, realizado na cidade de São Borja desde 1970, já lá se vão 41 edições
pelo Grupo Amador de Artes “Os Angüeras”. É o festival mais autentico do Rio
Grande, seja por suas normas pois mulheres não entram, seja pelo inusitado da
data na sexta feira santa e no sábado de aleluia, e no seu formato, o tema é
sorteado na sexta e em vinte quatro horas depois tem que ser apresentado. Um
festival sui gênesis, há muito tempo deixou de ser um festival competitivo para
ser uma celebração de arte e cultura para os barranqueiros que já estão na sua terceira geração, e
graças ao Rio Uruguai a Barranca está palanqueada na cultura gaúcha. Quem quiser obter mais informações sobre o festival acesse o blog www.angueras.com.br. Gracia!!!
O FESTIVAL
DA BARRANCA
Nada acontece por acaso, segundo a teoria dos
racionalistas (estes caras que são alimentados a ração balanceada). Talvez
tenham lá suas razões, os cujos. Menos no que se refere ao festival da
Barranca. Este nasceu por acaso como os nenês de novembro, frutos da semeadura
suada do Carnaval.
Pois sucede que o pessoal de Os Angüeras e
mais alguns de achego, desde pelo menos 1965, realizavam duas grandes pescarias
no ano: uma na Semana Santa, outra em setembro. A primeira para o tradicional jejum de
carne (mulheres não nos acompanhavam e até hoje não). A outra na Semana da
Pátria, para escapar (desculpa ...) dos chatíssimos desfiles que são a tônica
da efeméride cívica.
Para uma e outra pescaria vinham de Porto
Alegre o Antonio Augusto Fagundes (Nico) e o Carlinhos Castilhos (Passaronga),
com o Juarez Bittencourt (Xuxu) algumas vezes e, quando em quando, com outras
caras mais ou menos simpáticas.
E aí aconteceu. Por acaso, repito,
contrariando os racionalistas. A gente estava no “Pesqueiro da Bomba”, no Rio
Uruguai, na Semana Santa de 1972. Havia tomado umas que outras, alguém falou na
Califórnia da Canção acontecida em primeira edição no dezembro anterior, em
Uruguaiana, quando uma voz (acho que do Passaronga, outros acham que outro, há quem
jure que de um espírito) sugeriu: - E se a gente fizesse o nosso festival? Aqui
mesmo, no improviso, na barranca do rio?
... Então, naquela Semana Santa, noite de
quinta-feira, ficou assentado em cepo de três pernas que se faria o festival. O
Tio Manduca (disso sim, me lembro) propôs que as composições tivessem por base,
tema único, nomeou-se o presidente da “Comissão” e lascou o tema: “Acampamento
de Pescaria”. E aditou, enquanto me filava o trigésimo oitavo cigarro daquele
dia: - Sábado de noite os artistas se apresentam. Vocês têm o dia todo de
amanhã para trabalhar o tema. Tá resolvido ...
... Houve três concorrentes neste primeiro
Festival da Barranca, que, naquela época e porque estava em seu início, não
merecia as maiúsculas que lhe dou. Carlinhos Castilhos, só e mal acompanhado;
Nico Fagundes com
“Fuça” no violão e, em
dupla Zé Bicca e esta voz que vos fala.
Apresentadas as composições, por ordem de
sorteio, cantou o Carlinhos (palmas, palmas e palmas), cantou o Bicca (idem,
idem e idem) e finalmente o Nico (ibidem, ibidem e ibidem). A platéia, meio
sobre a empolgação, assentava-se em semicírculo. Todos
(eu disse todos) votaram. Menos os concorrentes, claro. Ganhou o Nico, com “Eu
e o Rio” – hoje gravada, como tantas composições que nasceram na Barranca para
ganhar alguns dos mais importantes festivais nativistas do Estado.
O detalhe, nisso tudo, é que a composição
vencedora (linda, a melhor da noite), nada tinha a ver com o tema proposto.
Cantava a relação espiritual de um amante descornado com as águas do Rio
Uruguai. Mas o fato é que ganhou. O que prova, desde a idade da pedra dos
festivais nativistas, que júri deste tipo de evento não é flor de cheirar com
pouca venta.
A confraternização foi geral, o vencedor
queria por que queria o prêmio (mas que prêmio caracos?). O Milton Souza
ganiçava de raiva por que lhe haviam estragado a gravação (para a rádio São
Miguel, ouviram?) por intervenção de calão não recomendável, eu achei que
estava uma beleza, nada como o autêntico e o espontâneo para valorizar uma
reportagem ... Aí o Milton me olhou de esquadro e eu saí pelo arrabalde.
Pensando que Deus me desse saúde, engenho e arte, um dia eu ia escrever esse
episódio.
O que faço, vinte anos mais velho, mas feliz.
Porque o Festival da Barranca, nesse tempo, depois de catorze edições, faz por
merecer as maiúsculas que agora lhe confiro.