HÁ! EU SOU GAÚCHO!
Mas o que é ser gaúcho? Nascer no
Rio Grande me transforma em rio-grandense, mas não me faz ser gaúcho.
Quanta interrogação para o tema
gaúcho, que passou a ser um titulo de nobreza. Voltamos para a alvorada da
querência, no nascimento das estâncias, todo índio vago (gaudério), changuedor,
bandido era chamado de gaúcho, não importando o valor social no crescimento da
América do Sul, no enriquecimento dos produtos derivados do gado. O gaúcho
passou a ser visto com outros olhos, a partir das lutas de fronteira
primeiramente e posteriormente nas guerras e revoluções internas, culminando
com a guerra do Paraguai passando a ser ostentado como um titulo de glória.
Ou seja, o gaúcho, considerado um
ser belicoso, passou a ser respeitado por ser valente destemido e brioso nos
combates. Mais adiante se notabilizou como um ser político, de idéia forte e
posicionado politicamente, sério e integro, tendo seu povo que já não pegava
mais em armas. Mas,
apegado às leis fazendo um novo estilo de revolução, tendo como armas lápis e
cadernos. Isto na década de sessenta (século passado), tanto que tínhamos a
melhor condição de vida do Brasil.
E hoje, no século XXI o que somos?
Gaúchos ou rio-grandenses, sabemos reivindicar os nossos direitos e prioridades
ou aceitamos o que vem imposto à força, será que usamos bombachas para lembrar
o passado ou para firmar o nosso presente, saber da raiz e da cepa crioula que
viemos.
Por pesquisas, somos o povo que
mais tem ações na justiça brasileira, isto mostra que ainda reivindicamos, mas
será que a nossa força de indignação ainda persisti perante injustiças sociais,
desmandos, irregularidades. Saímos para as ruas para protestar, lembramo-nos de
um grito “O povo na rua, a luta continua”.
Então gaúcho, se assim posso te
chamar, vamos voltar a ter esta condição, ver as coisas erradas que vem
acontecendo e denunciar, fazer valer o nosso titulo de nobreza.
Para finalizar, como podemos explicar gaúchos mineiros,
baianos, cariocas, paulistas, amazonenses, ou seja em todo o Brasil, não
nasceram no Rio Grande do Sul, mas optaram por ser gaúcho, como diz Telmo de
Lima Freitas: “Ser gaúcho é um estado de espirito”
TRADICIONALISMO OU CULTURA REGIONAL
Como sempre, aqui pelos pagos,
temos uma polêmica por qualquer da cá uma palha, umas com razões e outras nem
tanto, vou enumerá-las sem entrar no
mérito, as bombachas femininas, as castelhanas, os lenços, a faca, a tchê music
e a da hora “EU SOU BAGUAL”.
Em algumas polêmicas deixamos por
ser de cunho filosófico do movimento tradicionalista como de comportamento e
estrutural. Mas tem umas polemicas que dizem respeito à cultura regional, estou
me referindo ao clipe produzido pela RBS TV gravado na cidade de Santana do
Livramento, pelo cantor Joca Martins, um trabalho totalmente regional, com
termos, trejeitos, expressões e personalidades típicas da “Fronteira da Paz”,
ou seja, o exemplo mais típico de regional.
Pessoas ligadas ao MTG (Movimento
Tradicionalista Gaúcho), especificamente o coordenador da 18º RT, Sr. Rui
Francisco Ferreira Rodrigues resolveu polemizar a música pela utilização de
palavras como “bagual”, que seria sinônimo de grosseiro, mal educado e
ignorante; e “cocho de sal”, local para guardar comida dos animais no campo.
Até onde podemos criticar? O
trabalho é vinculado ao tradicionalismo? O cantor Joca Martins é um cantor da
linha tradicionalista? Podemos até responder pelo artista, o Joca Martins é um
cantor nativista na linha regional.
Por isso peço que revejam seus
conceitos, pois cercear um trabalho de um artista de expressão como Joca
Martins é no mínimo uma atitude não muito inteligente.