“Quem
aprende nunca esquece
Quem
esquece, não entende.
Que
não se compra nem vende
As
verdades de um povo
Que
nem tudo que é novo
É
melhor do que antes
Apenas
trás os instantes
Que
a vida tem desde o início
Por
estes caminhos gastos
De
certo já havia rastros
De
Caetano e Aparício.”
(Cristiano
Quevedo)
29º FEIRA DO LIVRO DE CANOAS
“Ler é descobrir o novo todo o dia”
“A
ultima coisa que um povo entrega ao opressor é a língua. Antes da língua vão-se as tradições, os costumes, o conceito de homem e de vida, as crenças, as
superstições e ritos.”
(Hugo
Wenceslau)
SERÁ QUE O NOVO É SEMPRE BOM?
Acabada
a 29º Feira do Livro de Canoas, evento acontecido de 01 a 15 de junho no
Calçadão e na Praça da Bandeira, centro de Canoas, com o tema: “Ler é descobrir
o novo todo dia”. O patrono Décio Dalke, o escritora homenageada é Luiza
Geisler e a cidade homenageada é Passo Fundo e o Tema é Vinicius de Moraes, 100
anos de Vinícius de Moraes. A feira do livro 2013 foi mais literária que a do
ano anterior, mas mesmo assim Canoas tem uma concepção errônea de feira do
livro.
Como
podemos excluir o maior movimento cultural da cidade do maior evento literário
da cidade, até parece um contra censo.
No más,
visitei trinta e cinco bancas e só achei a literatura regional gaúcha em apenas
em cinco bancas, sendo entre elas a da CORAG, Clube dos Editores, Casa do poeta
de Canoas. A pergunta que se faz é: Quem deve fomentar a literatura regional em
Canoas? A literatura regional é patrimônio cultural.
Desta
vez não culparei o poder público nesta questão. O poder público tem sua parcela
de culpa neste processo, valho-me da lei orgânica de Canoas para firmar esta
tese.
Art.
10: É competência comum do município, do Estado e da União.
III –
Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos.
IV –
Impedir a evasão e a destruição e a descaracterização de obras de arte e outros
bens de valor histórico, artístico e cultural.
V –
Proporcionar os meios de acesso á cultura, a educação e a ciência.
Da
parte dos tradicionalistas e da quantidade e tradicionalistas existentes em
nossa querência. Na ferramenta que rege as ações dos tradicionalistas “ A carta
de princípios do tradicionalismo gaúcho” estão nos aspectos culturais:
ART. 6
– Preservar nosso patrimônio sociológico representado principalmente, pelo
linguajar, vestimenta, arte culinária, forma de lides e artes populares.
ART.19
– Influir na literatura, artes clássicas e populares e outras formas de
expressão espiritual de nossa gente, no sentido que se voltem para os temas nativistas.
Lembro
que quando falo em regional, não necessariamente ser tradicionalista ou estar
arreglado com as tradições. Regional é aquele que escreve sobre nossa terra e
nossa gente, exemplo João Simões Lopes Neto, o maior escritor gaúcho com uma
obra dirigida ao gaúcho, não usava bombachas.
A
defesa da cultura regional, esta ligada inclusive na defesa do patrimônio
histórico, não adianta tombar prédios antigos sem tombar o contexto cultural, o
tombamento de prédios estão impregnados de valores intrínsecos de sua época.
Lendo a
programação da feira do livro me deparei com a presença do mestre Ariano
Suassuna, um dos maiores escritores e pensadores da cultura regional brasileira
e criador do Movimento
Armorial (foi uma iniciativa
artística cujo objetivo seria criar uma arte erudita a partir de elementos da
cultura popular do Nordeste Brasileiro).
Penso eu, enquanto penso logo existo, não adianta trazer uma
personalidade desta magnitude, se as pessoas que são responsáveis por gestar a cultura
canoense, primeiro precisariam decifrar o conceito de regional, também
aconselho ler Câmara Cascudo “o folclore é a presença do milênio no
contemporâneo, ou seja, o “folclore é uma experiência antiga que você
reatualiza, que você pratica todos os dias,
ele é funcional, ele é pragmático e só uma coisa pragmática que o povo
continua a exercitar, pois se não o fosse o povo não exercitaria...”
Cada lugar no Brasil tem uma nota especifica, tem uma cor
própria, então a cultura popular se manifesta nesta diversidade regional. A
questão fundamental no Brasil na questão da cultura popular é o “vigor
regional”, cada região tem que ter sua cultura. Lembrando Gilberto Freire “O
único modo de ser nacional num país de dimensões continentais como o Brasil é
ser primeiro regional”.
De pão e circo a população esta cheia, ela gostaria de
realmente ser protagonista deste processo cultural, pirotecnia não resolve, o que
resolve é o pé no chão.
COMO DIZ O PROVÉRBIO BÍBLICO:
“QUEM TIVER OUVIDOS QUE OUÇA”
Texto retirado do facebook da Prefeitura Municipal de
Canoas
A valorização da cultura brasileira, a partir de
uma perspectiva local e emancipadora, foi destacada pelo escritor Ariano
Suassuna na manhã de 11/06, durante entrevista coletiva concedida no Hotel
Metropolitan, em Canoas, para o jornalista Ronaldo Botelho.
O autor de O Auto da Compadecida também criticou a
superficialidade predominante na produção cultural contemporânea, destacando a
importância histórica de autores como Érico Veríssimo e Simões Lopes Neto.
"Nós, que mantemos uma posição que acredita que toda arte é local, no dia
que ela nasce; agora, se ela prestar, ela vai ser contemporânea, universal, de
todos os outros. Qualquer ídolo local ou nacional tem muito mais sucesso que Simões
Lopes Neto; mas quero ver daqui a 100 anos", observa.
Precisou vir, mas inda bem que veio, Ariano
Suassuna para afirmar o que vivemos afirmando em Canoas, e ainda somos
ignorados e taxados de pueris e retrógrados, ele é gênio, mestre.
E sempre batemos na marca por uma coordenadoria de
tradição e folclore para que a cidade cresça realmente na questão cultural, até
mesmo para fazer um contra ponto com o contemporâneo.
FELIZ
ANIVERSÁRIO CANOAS
MINHA
QUERÊNCIA
A sombra da Timbaúva
Cadê tuas raízes
Que eram prezas na terra
Cadê teu puro sentimento nativo
E a canoa feita de teu cerne
Perdeu o atracadouro?
Perdeu o rumo e não voltou
Inventaram culturas e movimentos
Mas sempre artificiais
Cadê tuas trilhas e rotas, a tua existência.
Onde está a tua referência
Se foram pelo Sinos.
Por onde andam os teus crioulos
Tio José, o Bastião
O Elias e o Tonicão
Foram levados pelo Gravataí.
Tuas Canoas navegaram no esquecimento,
João Palma, Walter Spalding
Sua memória e trajetória
O legado e a sua história.
As sementes caíram em terra fértil,
Brotando em mudas enraizadas
São os sinuelos da querência.
Hoje, esquecidos se reencontram
Mateando a sombra da velha Timbaúva
Ruminando seus pesares
No rodeio das lembranças.
(José Luis Biulchi de Souza)
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