sábado, 22 de junho de 2013

COLUNA MINHA QUERÊNCIA IV




“Quem aprende nunca esquece
Quem esquece, não entende.
Que não se compra nem vende
As verdades de um povo
Que nem tudo que é novo
É melhor do que antes
Apenas trás os instantes
Que a vida tem desde o início
Por estes caminhos gastos
De certo já havia rastros
De Caetano e Aparício.”
(Cristiano Quevedo)

29º FEIRA DO LIVRO DE CANOAS

“Ler é descobrir o novo todo o dia”
“A ultima coisa que um povo entrega ao opressor é a língua. Antes da língua vão-se as tradições, os costumes, o conceito de homem e de vida, as crenças, as superstições e ritos.”
(Hugo Wenceslau)

SERÁ QUE O NOVO É SEMPRE BOM?

Acabada a 29º Feira do Livro de Canoas, evento acontecido de 01 a 15 de junho no Calçadão e na Praça da Bandeira, centro de Canoas, com o tema: “Ler é descobrir o novo todo dia”. O patrono Décio Dalke, o escritora homenageada é Luiza Geisler e a cidade homenageada é Passo Fundo e o Tema é Vinicius de Moraes, 100 anos de Vinícius de Moraes. A feira do livro 2013 foi mais literária que a do ano anterior, mas mesmo assim Canoas tem uma concepção errônea de feira do livro.
Como podemos excluir o maior movimento cultural da cidade do maior evento literário da cidade, até parece um contra censo.
No más, visitei trinta e cinco bancas e só achei a literatura regional gaúcha em apenas em cinco bancas, sendo entre elas a da CORAG, Clube dos Editores, Casa do poeta de Canoas. A pergunta que se faz é: Quem deve fomentar a literatura regional em Canoas? A literatura regional é patrimônio cultural.
Desta vez não culparei o poder público nesta questão. O poder público tem sua parcela de culpa neste processo, valho-me da lei orgânica de Canoas para firmar esta tese.
Art. 10: É competência comum do município, do Estado e da União.
III – Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos.
IV – Impedir a evasão e a destruição e a descaracterização de obras de arte e outros bens de valor histórico, artístico e cultural.
V – Proporcionar os meios de acesso á cultura, a educação e a ciência.
Da parte dos tradicionalistas e da quantidade e tradicionalistas existentes em nossa querência. Na ferramenta que rege as ações dos tradicionalistas “ A carta de princípios do tradicionalismo gaúcho” estão nos aspectos culturais:
ART. 6 – Preservar nosso patrimônio sociológico representado principalmente, pelo linguajar, vestimenta, arte culinária, forma de lides e artes populares.
ART.19 – Influir na literatura, artes clássicas e populares e outras formas de expressão espiritual de nossa gente, no sentido que se voltem para os temas nativistas.
Lembro que quando falo em regional, não necessariamente ser tradicionalista ou estar arreglado com as tradições. Regional é aquele que escreve sobre nossa terra e nossa gente, exemplo João Simões Lopes Neto, o maior escritor gaúcho com uma obra dirigida ao gaúcho, não usava bombachas.
A defesa da cultura regional, esta ligada inclusive na defesa do patrimônio histórico, não adianta tombar prédios antigos sem tombar o contexto cultural, o tombamento de prédios estão impregnados de valores intrínsecos de sua época.
Lendo a programação da feira do livro me deparei com a presença do mestre Ariano Suassuna, um dos maiores escritores e pensadores da cultura regional brasileira e criador do Movimento Armorial (foi uma iniciativa artística cujo objetivo seria criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro).
Penso eu, enquanto penso logo existo, não adianta trazer uma personalidade desta magnitude, se as pessoas que são responsáveis por gestar a cultura canoense, primeiro precisariam decifrar o conceito de regional, também aconselho ler Câmara Cascudo “o folclore é a presença do milênio no contemporâneo, ou seja, o “folclore é uma experiência antiga que você reatualiza, que você pratica todos os dias,  ele é funcional, ele é pragmático e só uma coisa pragmática que o povo continua a exercitar, pois se não o fosse o povo não exercitaria...”
Cada lugar no Brasil tem uma nota especifica, tem uma cor própria, então a cultura popular se manifesta nesta diversidade regional. A questão fundamental no Brasil na questão da cultura popular é o “vigor regional”, cada região tem que ter sua cultura. Lembrando Gilberto Freire “O único modo de ser nacional num país de dimensões continentais como o Brasil é ser primeiro regional”.
De pão e circo a população esta cheia, ela gostaria de realmente ser protagonista deste processo cultural, pirotecnia não resolve, o que resolve é o pé no chão. 

COMO DIZ O PROVÉRBIO BÍBLICO:
“QUEM TIVER OUVIDOS QUE OUÇA”

Texto retirado do facebook da Prefeitura Municipal de Canoas

A valorização da cultura brasileira, a partir de uma perspectiva local e emancipadora, foi destacada pelo escritor Ariano Suassuna na manhã de 11/06, durante entrevista coletiva concedida no Hotel Metropolitan, em Canoas, para o jornalista Ronaldo Botelho.
O autor de O Auto da Compadecida também criticou a superficialidade predominante na produção cultural contemporânea, destacando a importância histórica de autores como Érico Veríssimo e Simões Lopes Neto. "Nós, que mantemos uma posição que acredita que toda arte é local, no dia que ela nasce; agora, se ela prestar, ela vai ser contemporânea, universal, de todos os outros. Qualquer ídolo local ou nacional tem muito mais sucesso que Simões Lopes Neto; mas quero ver daqui a 100 anos", observa.
Precisou vir, mas inda bem que veio, Ariano Suassuna para afirmar o que vivemos afirmando em Canoas, e ainda somos ignorados e taxados de pueris e retrógrados, ele é gênio, mestre.
E sempre batemos na marca por uma coordenadoria de tradição e folclore para que a cidade cresça realmente na questão cultural, até mesmo para fazer um contra ponto com o contemporâneo.

FELIZ ANIVERSÁRIO CANOAS
MINHA QUERÊNCIA

A sombra da Timbaúva

Cadê tuas raízes
Que eram prezas na terra
Cadê teu puro sentimento nativo
E a canoa feita de teu cerne
Perdeu o atracadouro?
Perdeu o rumo e não voltou
Inventaram culturas e movimentos
Mas sempre artificiais
Cadê tuas trilhas e  rotas, a tua existência.
Onde está a tua referência
Se foram pelo Sinos.
Por onde andam os teus crioulos
Tio José, o Bastião
O Elias e o Tonicão
Foram levados pelo Gravataí.
Tuas Canoas navegaram no esquecimento,
João Palma, Walter Spalding
Sua memória e trajetória
O legado e a sua história.
As sementes caíram em terra fértil,
Brotando em mudas enraizadas
São os sinuelos da querência.
Hoje, esquecidos  se reencontram
Mateando a sombra da velha Timbaúva
Ruminando seus pesares 
No rodeio das lembranças.

(José Luis Biulchi de Souza)







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