“Nunca morrer
num dia assim”... Giba Giba é bom tê-lo intacto na lembrança, seu discurso
loquaz, sua africanidade no vestir, no sentir, no dizer o mundo através de sua
arte. Pessoalíssimo, em sua boa e esplêndida negritude. Ele me dizia com aquele
filosofar prolongado, sutil e gracioso: - “Não sou afrodescendente. Alguém é
lusodescendente? Francodescendente? Sou negro e pronto, e me orgulho disso”.
Giba era uma
unanimidade. Seu “sopapo” parece que expressava a batida de seu coração.
Alegre, comunicativo. Quem escrever a historia da música popular do Rio Grande,
a memoria de nosso carnaval e não conferir o maior realce ao seu nome comete
crime de lesa majestade. Assisto em minha casa um documentário sobre Porto
Alegre. Lá está em dose tripla a música de Giba Giba e seu grande amor pela
cidade. E eu pergunto: terá existido pelas ruas de Porto Alegre, pelos caminhos
desta terra, um sorriso mais aberto, mais iluminado do que aquele que o Giba
trazia com contagiante espontaneidade.
Breve a Rede
Globo em seus canais alternativos irá exibir um providencial documentário sobre
sua obra. Nele o depoimento de seus amigos e parceiros. Seu convite muito me
honrou, sua fidelidade aos amigos era absoluta. Tenho certeza do que o Giba
proibiria a tristeza em seu adeus, mas não há como não ser invadido pelo
desconsolo dessa perda.
Que seu trabalho
venha à tona, seja redescoberto, valorizado, há nele a gloria de um estilo
pessoal, onde o talento dançava com a alegria. Neste Rio Grande de nítidos traços
da cultura ibérica e pampeana, ele reivindicava e propunha com maestria o
legado contagiante da arte que a África conferiu ao mundo.
*Luiz Coronel é
escritor e publicitário
Nenhum comentário:
Postar um comentário
TCHÊ, DEIXE UM COMENTÁRIO PARA MINHA QUERÊNCIA