quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A CULTURA GAÚCHA ESTÁ DE LUTO, MORRE GIBA GIBA, A VOZ E ALMA DO SOPAPO.



“Nunca morrer num dia assim”... Giba Giba é bom tê-lo intacto na lembrança, seu discurso loquaz, sua africanidade no vestir, no sentir, no dizer o mundo através de sua arte. Pessoalíssimo, em sua boa e esplêndida negritude. Ele me dizia com aquele filosofar prolongado, sutil e gracioso: - “Não sou afrodescendente. Alguém é lusodescendente? Francodescendente? Sou negro e pronto, e me orgulho disso”.


Giba era uma unanimidade. Seu “sopapo” parece que expressava a batida de seu coração. Alegre, comunicativo. Quem escrever a historia da música popular do Rio Grande, a memoria de nosso carnaval e não conferir o maior realce ao seu nome comete crime de lesa majestade. Assisto em minha casa um documentário sobre Porto Alegre. Lá está em dose tripla a música de Giba Giba e seu grande amor pela cidade. E eu pergunto: terá existido pelas ruas de Porto Alegre, pelos caminhos desta terra, um sorriso mais aberto, mais iluminado do que aquele que o Giba trazia com contagiante espontaneidade.

Breve a Rede Globo em seus canais alternativos irá exibir um providencial documentário sobre sua obra. Nele o depoimento de seus amigos e parceiros. Seu convite muito me honrou, sua fidelidade aos amigos era absoluta. Tenho certeza do que o Giba proibiria a tristeza em seu adeus, mas não há como não ser invadido pelo desconsolo dessa perda.
Que seu trabalho venha à tona, seja redescoberto, valorizado, há nele a gloria de um estilo pessoal, onde o talento dançava com a alegria. Neste Rio Grande de nítidos traços da cultura ibérica e pampeana, ele reivindicava e propunha com maestria o legado contagiante da arte que a África conferiu ao mundo.

*Luiz Coronel é escritor e publicitário

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