quinta-feira, 15 de julho de 2010

MARTIN FIERRO E O CAVALO


MARTIN FIERRO E O CAVALO


Assim, quem quer que procure
montar num pingo modelo,
há de cuidar com desvelo,
e deve impedir também
que, no chão, golpes lhe dêem,
aos tirões e de atropelo.


Muitos querem dominá-lo
com rigores de chicote;
se o bagual dá-lhes um bote
ou mostra traças de mau,
amarram-no a qualquer pau
até que se descogote.


Tudo se torna pretexto
e voltas, as ensilhá-lo,
dizem que é por quebrantá-lo,
mas esse tento eu não sovo:
-é de medo do corcovo,
e não querem confessá-lo.



ao animal cavalar
(perdoai-me esta advertência)
tem a sua pertinência
o que se chama sentido:
quando o tiverem consentido,
sabe render-se à paciência.


Avantaja-se aos demais
quem compreenda exemplo tal:
aprender nunca foi mal,
pois há poucos domadores,
mas muitos conversadores
               que andam de rédea e buçal.                     

        (versos de José Hernandez, Martin Fierro)    

               ***         

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