terça-feira, 21 de dezembro de 2010

CICLO NATALINO 4



 POR UM NATAL 
GAÚCHO CRIOULO SUL-BRASILEIRO

Estamos trazendo postando para os senhores, um trabalho de qualidade sobre o ciclo natalino, este trabalho não é do Minha Querência, é do site BOMBACHA LARGA (irmão e parceiro do Minha Querência), mas é qualificadissimo, ele traz todos os aspectos do ciclo natalino no sul do Brasil, espero que apreciem.

O natal gaúcho e crioulo da tradição dos campeiros da região sul do Brasil!

SIMBOLOGIA DO NATAL GAÚCHO SUL-BRASILEIRO



1. Introdução 

                  
Mesmo que o dia 25 de dezembro não seja, por motivos de calendário, a verdadeira data do nascimento de Jesus Cristo, isso não tem qualquer importância para os cristãos. Mais importante que o dia é a comemoração do fato de o Divino Tropeiro Jesus ter vindo a este mundo, para levar aos Homens a doutrina do Ser Supremo do Universo, de caridade, solidariedade, piedade, amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, além de princípios éticos como o "não faças ao teu irmão o que não queres que façam para ti". 
                   O Povo Gaúcho Sul-brasileiro - especialmente os Tradicionalistas e a grande parcela das classes menos favorecidas economicamente - pode comemorar o nascimento do Menino-Deus utilizando-se dos seus motivos regionais, sua cultura local, sem perder o sentido maior desse significativo acontecimento cristão, isto é, mantendo o verdadeiro Espírito de Natal e relembrando os exemplos deixados pelo Divino Tropeiro Jesus, de caridade, humanidade, sacrifício e amor ao próximo. 
                   Assim, ao comemorarem o Natal os gaúchos poderão o fazê-lo com base na simplicidade dos interioranos sulinos, fundamento de toda a cultura regionalista-tradicional gaúcha sul-rio-grandense; no regionalismo gaúcho sul-brasileiro; nos motivos locais, no Jeito Gaúcho de Viver dos Campeiros da Região do Pampa do Rio Grande do Sul.

2. A simbologia do Natal Gaúcho Sul-brasileiro
                   
Originados dos povos europeus e norte-americanos, os atuais símbolos natalinos utilizados pelos gaúchos brasileiros, embora tidos como universais, poderão ser substituídos por outros mais afeitos aos motivos locais da região Sul do Brasil.
                    Sem qualquer perda da essência da comemoração, o Natal Gaúcho Crioulo da Tradição do Rio Grande do Sul estará mais coerente com a cultura regionalista-tradicional dos sul-brasileiros e, portanto, mais próximo do real sentido do Natal, o qual deve envolver, precipuamente, a lembrança, o festejo e o agradecimento pela vinda do Divino Tropeiro Jesus a este mundo terreno.


2. 1 O Papai Noel do Natal Gaúcho 




A origem do Papai Noel dá-se com São Nicolau, no ano de 271, na Ásia Menor, o qual distribuía a sua riqueza entre os mais pobres, especialmente às crianças. E só depois de ter sido levado para a América do Norte e Groenlândia, pelos holandeses, é que veio a receber o trenó e as renas para a sua simbólica locomoção. 
                   Não há razão alguma, hoje, a não ser aquela de ordem eminentemente comercial, para que gaúchos brasileiros continuem  transformando-se em um Papai Noel criado pela Coca-Cola, no Natal, distribuindo presentes para toda a família, amigos, companheiros de trabalho, etc. Se São Nicolau era oriundo de família rica e podia ajudar a muitas pessoas, aos economicamente menos favorecidos, hoje todos nós podemos, no Natal, seguir o sem exemplo, doando um pouco do que dispomos para aqueles que nada têm; com os que mais sofrem com essa lavagem cerebral em torno dessa invenção comercial, que praticamente substituiu Aquele que deveria ser o centro das atenções, Jesus Cristo; Aquele que deve ser presenteado, a exemplo do que fazia São Nicolau, pois é Ele o aniversariante. E o melhor presente para Ele é a prática da caridade junto aos que estão à margem de um sistema injusto e em nada humanitário.
                   O mais importante e mais coerente para nós, portanto, é presentear ao Aniversariante Jesus, do Dia 25 de Dezembro. Para isso podemos ofertar ao Menino-Deus não presentes essencialmente materiais, mas algo que represente muito mais que isso. No Dia de Natal, os gaúchos podem presentear ao Divino Tropeiro Jesus agindo como o fazia São Nicolau: distribuindo um pouquinho de sua riqueza aos mais necessitados, preferencialmente às crianças e aos idosos carentes.
                  A cada ano as famílias podem eleger aqueles que receberão os donativos. Poderão, ainda, convidá-los para a Ceia Natalina. Estes são presentes para Cristo, uma vez que representam o sentimento de caridade, um dos mandamentos cristãos pregados, por Ele, entre os Homens.
                  Aos Tradicionalistas Gaúchos, problema algum haverá se a figura do Papai Noel for utlizada, caracterizada como a de um Vaqueano Noel, tipicamente trajado com a indumentária tradicional dos gaúchos campeiros do Sul do Brasil. Poderá chegar ao CTG ou ao local das doações a cavalo, de charrete ou de carreta. Esse Papai Noel Gaúcho Crioulo da Tradição Regional do Rio Grande do Sul poderá levar aos necessitados roupas, medicamentos, alimentos, brinquedos e outros artigos, como forma de presentear ao Aniversariante Divino Tropeiro Jesus, no dia do Seu aniversário.


2.2 A Árvore do Natal Gaúcho Crioulo 
da Tradição do Rio Grande
                  
Sendo um dos símbolos mais expressivos do período natalino, a Árvore de Natal, na sua origem, com São Vifrido (634-710), serviu para desmistificar, naquela época, as crenças populares da existência de espíritos nas árvores. 
                  Nos dias atuais, no Natal Gaúcho, ao lado do pinheirinho brasileiro poderá ser usada a Erva-mate - mudas pequenas ou em galhos -, uma vez que a simbologia continuará sendo a mesma: o tronco representa Jesus e os ramos somos nós; Jesus é a árvore da vida e nós colhemos os seus frutos.
                  Muito embora o pinheiro brasileiro continue no Natal Gaúcho, com a Erva-mate como Árvore de Natal aquela representação amplia-se para simbolizar, nas suas folhas, origem do chimarrão e a seiva do revigoramento dos sentimentos cristãos de caridade, humanidade, fraternidade, sacrifício, amor ao próximo e vida eterna, frutos da Filosofia Cristã deixada para nós pelo Divino Tropeiro Jesus.
                  A Erva-mate, como a Árvore de Natal dos Gaúchos Brasileiros, é uma boa opção, especialmente para os tradicionalistas. Estes destinam-se a preservar as Tradições do Povo Gaúcho Sul-brasileiro, não as do Povo Europeu ou Norte-americano. Passar a valorizar a Árvore Símbolo do Rio Grande do Sul, a Erva-mate, enfeitando-a no Natal, além de um gesto regional gauchesco, pode vir a transformar-se em uma Tradição Natalina dos Gaúchos Brasileiros.


2.3 Os presentes do Natal Gaúcho

                   Esse antigo costume de dar presentes no Natal, instituído pelo Papa Bonifácio, no séc. VII, e que passou a ser motivo de comércio em Paris, a partir do ano de 1785, certamente que é muito significativo para a economia mundial.
                   No entanto, aos que não pretendem aderir a esse modelo imposto pelo mercado há a possibilidade de adequá-lo ao verdadeiro Espírito de Natal. Não há motivos para que venhamos a receber presentes em nome do Aniversariante Jesus Cristo. Se alguém deve ganhar algum donativo no Natal que sejam aqueles que realmente o necessitam: os menos favorecidos economicamente; os mais pobres.
                   Assim, às Entidades Tradicionalistas, órgãos, famílias, não basta o donativo de brinquedos às crianças carentes, no período natalino. Na comemoração do nascimento do Menino Deus devemos presenteá-lo praticando a caridade que Ele pregou à Humanidade. Ajudar aos que necessitam, não com supérfluos, mas com apoio espiritual e material, como comida a quem tem fome, roupas a quem delas não dispõe, remédios aos doentes, emprego a quem o busca, dentre outras tantas formas de ajuda, é o único presente que os cristãos têm de dar no Natal, ao Aniversariante Divino Tropeiro Jesus.


2.4 O Presépio do Natal Gaúcho 




                 Em se tratando de simbolismos, pode-se criar um Presépio de Natal mais regional e afeito aos costumes do interior sulino brasileiro, como forma de aproximar o povo gaúcho do fato acontecido em Belém, na Palestina, trazendo-o para mais próximo de seu cotidiano com a utilização de outros animais nativos e característicos da região Sul.

                   Dessa forma, embora São Francisco de Assis, o inventor do Presépio, em 1223, tenha colocado ao lado da manjedoura um boi e um jumento, no Presépio do Natal Gaúcho pode-se substituir o jumento por um cavalo, animal símbolo do gaúcho, e, ainda, a ovelha, ao lado do boi ou da vaca, base da pecuária sulina.
2.5 O Cartão do Natal Gaúcho
                   Desde 1843, em Londres, quando Sir Henri Cole inventou o Cartão de Natal, para desejar os votos de Feliz Natal aos que faziam parte do seu círculo de amizades, que esse costume está entre os europeus.
                   Trazido para América em 1880, o Cartão de Natal continuou a ser decorado praticamente com as mesmas imagens européias, mantendo e neve existente também na América do Norte, ao tempo natalino.
                   Já os Cartões do Natal Gaúcho, isto é, os Cartões de Natal da Terra Gaúcha, não precisam trazer esses mesmos motivos regionais europeus e norte-americanos. Os Cartões de Natal Crioulos da Terra Sulina Brasileira podem trazer nas suas imagens famílias reunidas, não em torno de uma lareira ou em casebres envoltos na neve - pois em nossa Terra, na época do Natal, não há frio nem neve -, mas trajadas com a indumentária tradicional dos sulistas brasileiros, entoando canções regionais de Natal, ou participando de uma Ceia Natalina aonde preponderam os produtos e a decoração regional. Os Cartões Crioulos podem, também, trazer a figura de um Papai Noel Gaúcho a cavalo, idoso, se possível de barba natural, vestido com a Pilcha Gaúcha, sem ostentar a atual, mundialmente e tradicional imagem oriunda do quadro pintado pelo norte-americano Thomas Nast, em 1862 - e remodelado pelo artista Habdon Sundblom, em 1931, a pedido da Coca-Cola. O Papai Noel Gaúcho distribuirá aos necessitados donativos da respectiva comunidade, trazidos na sua mala de garupa.
                   Enfim, motivos regionais, tradicionais do Povo Gaúcho Sul-brasileiro, aliados ao verdadeiro Espírito Cristão Natalino, é que não faltam para ilustrar os Cartões do Natal Gaúcho Crioulo Sul-brasileiro



2.6 As Canções Regionais do Natal Gaúcho





     
No Natal da Terra Gaúcha pode-se entoar canções nativas compostas com termos do vocabulário regionalista-tradicional gaúcho e cantadas nos ritmos dos campeiros sul-rio-grandenses. Nessas músicas e composições típicas da região Sul do Brasil, podemos venerar o nascimento do Divino Tropeiro Jesus, Filho do Patrão Velho lá das Alturas, que veio ao mundo para repontar-nos aos pastos verdes das Invernadas da Fraternidade, Solidariedade, Caridade, Bondade, Humildade, Humanidade e de Amor ao Próximo.

                  O vocabulário e as melodias típicas do Povo Gaúcho Sul-brasileiro serão, certamente, mais alegres e mais compreendidas por todas as classes sociais brasileiras.



2.7 A Ceia do Natal Gaúcho


 
No Natal da Terra Gaúcha Sul-brasileira a Ceia Natalina primará pelo congraçamento entre familiares, sendo uma excelente oportunidade para reunir todos, especialmente os avós, pais e netos.
 


Ao invés de representar a Ceia de Cristo com os apóstolos na quinta-feira santa, véspera de Sua morte, ela comemorará apenas o grande acontecimento da vinda do Nosso Salvador; o nascimento do Menino-Deus. Por isso é que a alegria estará presente, no lugar de qualquer e eventual sentimento de melancolia ou tristeza.  


 

E sendo o Natal Gaúcho Crioulo da Terra Sul-brasileira, não haverá a necessidade de haver na sua Ceia Natalina as iguarias importadas, nativas de outros países, Se o mais importante é a comemoração do nascimento do Divino Tropeiro Jesus, pode-se, perfeitamente, o fazê-lo com os pratos regionais, tradicionais e mais apreciados, de acordo com os usos e os costumes locais.


  A produção caseira do panetone, com frutas cristalizadas regionais, como a laranja, o figo, o pêssego, o marmelo, a pera e outras, é apenas um exemplo não so de economia, mas também de valorização daquilo que é da nossa Terra.
                   Como outros exemplos de adequação regional podemos citar a substituição do peru, tradição dos norte-americanos na Ceia Natalina, pelas carnes suínas, ovinas ou bovinas, assadas no estilo tradicional; o frango caipira, o peixe, linguiça, morcília, espinhaço de ovelha frito em panela de ferro, servido com arroz branco; quibebe, arroz de carreteiro; farofa, saladas de batata, de cebola com tomate; mandioca, batada doce, abóbora, feijão preto; pão, etc., de acordo com a preferência pessoal de cada um.
 

                   Os vinhos da Terra e os sucos de frutas típicas do Sul podem ser servidos como bebidas. E como sobremesa o doce de arroz com leite, a ambrosia, o doce de batata doce, a figada, os pêssegos em compota; os doces de pera, laranja, batata doce; o sagu de vinho.

                   A decoração da mesa e do ambiente deve estar sintonizada com a simplicidade dos gaúchos do interior. Candeeiros, elétricos ou não, simbolizarão a Chama Viva de Cristo que ilumina nossas existências, o nosso caminho, trazendo a necessária claridade à jornada terrena de cada um de nós. É a Luz do Mundo, a Luz dos Povos, a Luz de nossas próprias vidas; é o Divino Tropeiro Jesus!



3. O Terno de Reis do Natal Gaúcho 



       Reviver na época do Natal a antiga tradição, gaúcha e brasileira, dos Ternos de Reis é resgatar e preservar uma prática salutar de confraternização entre parentes, vizinhos e amigos, incrementando ainda mais o clima natalino na véspera do Dia 25 de Dezembro.

                  Por isso, em vez de iniciar-se no Dia de Natal ou no dia 6 de janeiro, como acontecia antigamente, com o fim de anunciar aos visitados a notícia do nascimento do Menino Salvador, é conveniente, hoje, que o Terno seja realizado antes do Natal. Dessa forma ele cumpriria o importante papel na preparação dos participantes para as comemorações do Dia 25 de Dezembro.
                   A realização do Terno de Reis pode se iniciar algumas semanas ou alguns dias antes do Natal, a critério dos organizadores. Reunido familiares e amigos, o Terno tem o poder de tornar ainda mais esperada as comemorações do nascimento de Jesus Cristo.
                   Para isso é necessário um planejamento prévio, onde serão definidas quais as casa que serão visitadas e as respectivas datas do acontecimento; os cânticos a serem entoados; os cantadores e suas vozes; os Reis Magos; as indumentárias; o presépio; estandarte, se for o caso, etc.


4. Os Festejos do Natal Gaúcho




O Natal Gaúcho Crioulo do Sul do Brasil poderá ser implementado nos lares, nas associações de moradores, nas Entidades Tradicionalistas, e onde quer que ele seja aceito.
                   Contudo, quando realizado, o Natal Gaúcho deve atender a um importante requisito cultural: a originalidade. Evitar os artificialismos vinculados ao atual modo comercial de comemoração do Natal deve ser uma preocupação dos seus organizadores, pois o objetivo do Natal da Terra Gaúcha Sul-brasileira deve ser, justamente, a libertação das imposições perpetradas pelo mercado, com o fim de valorização das comemorações do nascimento do Menino-Deus no jeito simples de viver, natural, autêntico e peculiar dos gaúchos campeiros do Pampa do Rio Grande do Sul; dos homens e mulheres do interior Sul-rio-grandense.


5. Conclusão
                  
A presente proposta de um Natal Gaúcho Brasileiro, isto é, um Natal típico da região Sul do Brasil, é direcionada, primeiramente, aos Tradicionalistas que prezam, cultuam, preservam e corretamente divulgam os usos e os costumes regionalista-tradicionais dos Gaúchos Campeiros do Pampa do Rio Grande do Sul, e, em segundo lugar, às camadas sociais menos favorecidas economicamente, especialmente aquelas com origens no campo ou com forte identificação com o Jeito Gaúcho de Viver dos Campeiros do Sul do Brasil.
                  No entanto, uma eventual desvinculação do atual sistema de comemoração do Natal, com a adesão ao Natal Gaúcho, implicará, por parte do aderente, na necessária consciência cultural regionalista e coerência tradicional sul-rio-grandense, decorrente dessa escolha. Valorizar o Regionalismo Gaúcho Sul-brasileiro, os usos e costumes gaúchos tradicionais do Estado do Rio Grande do Sul, em um momento tão especial e significativo para a Humanidade, como é o Natal, é forma, também, de enaltecimento do modo simples com que os nossos  antepassados gaúchos comemoravam o Natal, na região Sul do Brasil.
                  Assim, a valorização do Jeito Gaúcho de Viver dos Campeiros do Pampa do Rio Grande do Sul, nas comemorações natalinas, é ato que contribui para a preservação da Tradição Regional e a afirmação da Identidade Cultural dos Gaúchos da Região Sul do Brasil!


Autoria: José Itajaú Oleques Teixeira


BOMBACHA LARGA
Na luta pela preservação das autênticas 
Tradições do Povo Gaúcho Sul-brasileiro

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