O FOLCLORE DA QUERÊNCIA - I

 

 (Estórias - Voldinei Lucas)

A partir de hoje, o blog cultura da querência irá resgatar o folclore oral de nossa querência, através de uma pesquisa do Sr. João Terres Tróis, recolhidas pelos idos de 1949 em Canoas, publicadas nos cadernos canoenses, da Tróis Editor, iremos resgatar as histórias, pensamentos, e ditos populares de canoenses de todas as idades.

MAS O QUE É FOLCLORE?

O folclore de uma maneira comum se pode traduzir folclore como "Saber do Povo". O folclore abarca toda a vida popular e se estende a todas as atividades em todos os grupos de idade, é um sistema de vida, e a despeito de sua amplitude podemos classificar os fatos folclóricos nas seguintes ordens:

- Literatura Oral;

- Crenças e Supertições;

- Ludica, danças, autos, jogos de sorte, cortejos, teatros de bonecos e fatos tradicionais.

O FOLCLORE E A CULTURA DO POVO 

Câmara Cascudo dizia:

O gesto típico do folclore é dar a mão, quem é que inventou dar a mão, quem é que inventou dar adeus, quantos milênios toma-se esta atitude, isto é cultura popular. 

A característica fundamental do folclore é que ela é uma obra coletiva anonima e que não tem tempo, não tem histórico, é quase como uma experiência sem história, perde-se.

O folclore é a presença do milênio no contemporâneo, ou seja o folclore é uma experiência antiga que se naturaliza, que você pratica todos os dias, e ele é funcional, ele é pragmático (pratico), e só uma coisa pragmática que o povo continua a exercitar , se não fosse pragmático o povo não exercitaria.  

Então vamos para o folclore da Querência:

A arruda
é muito apreciada porque afasta todos os males.

Arrancar ou matar um pé de arruda traz desgraça.

(Colhida em Canoas em 26/09/1949)

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Não se deve andar de costas.

(Colhida em Canoas em 26/09/1949)

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Não presta deixar guarda-chuva aberto 

dentro de uma casa chama demonio.

 (São Francisco de Assis)

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Na ponta do dedo com que se 
apontar para uma estrela,

nascerá uma verruga.

(Colhida em Canoas em 26/09/1949) 

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Lá de traz daquele morro

Tem um pé de bananeira

Meu pai morreu de fome 

Tua mãe de caganeira

 (Colhida em Canoas em 26/09/1949)

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Uma ofensa e uma resposta ao pé da letra:

Merda!

É bosta!

Quanto mais tu come 

Mais tu gosta!

Deixarcair um talher 
é sinal que se receberá uma visita

se uma faca, será homem, se garfo, mulher

e se for colher, um casal   

  (Colhida em Canoas em 04/09/1949)

***

Não se deve sair de uma casa com velório

sem olhar para a face (cabeça, rosto) do defunto.

(Colhida em Canoas em 11/09/1949)

 

***

Quando se quer que uma visita vá embora, 
deve-se viraruma vassoura, 
um sapato, ou por sal no fogo. 

(Colhida em Canoas em 12/09/1949) 

*** 

Um ovo posto em sexta-feira Santa, seca e não apodrece

(Colhida em Canoas em 18/09/1949)

*** 

Em enterro "não presta" levar o caixão de modo

queos pés do defunto vão na frente,

a cabeça é que deve ir na frente  

(Colhida em Canoas em 19/09/1949)

*** 

Laranjeira atrás da porta

Que laranja pode dá?

Eu também sou pequenino,

Como que quero namorá...

Dei um lencinho branco,

Bordado de ABC.

O dia que eu não te vejo,

Nem água posso bebê.

Dei o meu lenço branco,

Em vada canto um S

Pode andá por onde andá

Que de ti nunca esquece 

(Colhida em Canoas em 19/09/1949)

***

Meio dia

Panela no fogo

Barriga vazia

Macaco torrado

Que vem da Bahia

Dando bom dia

Pra dona Maria 

(Colhida em Canoas em 17/09/1949)