domingo, 15 de janeiro de 2012

FÓRUM SOCIAL GAÚCHO 2012 - PARTE 2

Iniciando o nosso Fórum Social Gaúcho, e seus temas sociais iniciamos com o poema Se Marx fosse peão, letra de Juarez Machado de Farias, primeiramente apresentado na Sesmaria da Poesia Gaúcha, em sua 1º quadra em 1996 interpretada pelo declamador Cid Mariano Menezes, posteriormente musicada pelo cantor Robertro Luçardo, vamos conhecer algo mais deste poema.

(José Luis Biulchi de Souza, professor, produtor cultural e jornalista MTE/RS 14009)




"SE MARX FOSSE PEÃO"

O meu parceiro de música e meteorologista em Curitiba, FERNANDO MENDONÇA MENDES, enviou-me esta matéria publicada no endereço eletrônico http://sintrajusc.blogspot.com/2008/05/se-marx-fosse-peo.html, a qual fala de um poema de minha autoria - SE MARX FOSSE PEÃO. A página é de responsabilidade do Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal no Estado de Santa Catarina (Sintrajusc). Fiquei muito feliz pois meus versos foram usados em uma sentença em um processo trabalhista, ou seja, bem a propósito do conteúdo poético que usei.Sentença em processo na Vara do Trabalho de Joinville sobre demissões na empresa Cipla usou uma bela poesia para ilustrar a situação do trabalhador:
(Juarez Machado de Farias) 
   
   "...A estância se acordou em dia de camperiada
      Chiando pelas cambonas, prá se iniciar a mateada
      De repente um peão barbudo, atando a segunda espora
      Abriu a boca sizuda, pondo "o zóio" campo afora
      E falou pros companheiros de mesmo rumo e ofício
      Numa tal de mais valia,

      Falando em tom de comício, contando um pouco de história...
      A peonada leva tropa prá morrer no matadouro
      Esfola a bunda nos "basco", o sol velho queima o couro
      Mas o patrão barrigudo é que embolsa todo o ouro

      Se madruga todo o dia prá laçar e curar bicheira
      Se afunda o garrão no barro, com essas vacas da mangueira
      E co que nos sobra de tudo?
      Só hemorróida e frieira

      ... Ainda fazem rodeio, em nome da Tradição
      Os boi com a língua de fora prá alegria do patrão
      O que era duro ofício se transforma em diversão

      E tem mais: A propriedade deve ser de quem trabalha
      Quem sustenta a casa grande são nossos ranchos de palha
      Se a peonada joga truco, o patrão é que embaralha

      ... e a estância continuou, no mesmo tranco afinal
      Terêncio jogando laço, Nestor montando o bagual
      E o patrão com a guaiaca forrada dos capital.
                     (Juarez Machado de Farias)

Alguém aí já se perguntou que rumo o mundo teria tomado se o filósofo Karl Marx (1818-1883) não tivesse nascido na Prússia, mas em algum descampado da província do Rio Grande de São Pedro (como se chamava o Rio Grande do Sul na época)
A proposta para Se Marx fosse peão (poema de Juarez Machado de Farias) inclui três movimentos: o primeiro é Vocação, no qual ele se debruça sobre a criação poética no universo regional; o segundo é o que dá nome ao espetáculo, Se Marx fosse peão, o qual questiona o êxodo rural, o ex-peão ou empregado de propriedades rurais que se viu forçado pelo desemprego ou por melhores condições de vida e trabalho a migrar para a cidade e engrossar a população das periferias; o terceiro e último é Don Quixote de la Pampa, no qual se reportam a um "gaúcho sonhador", que se ilude com uma certa cultura criada, por exemplo, em torno de mitos produzidos pela apologia cega ao folclore e à tradição.
 
(Roberto Ribeiro, Diário Popular, Pelotas, 2005)


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